Portugal tem sido um país algo
esquecido pelas produtoras dos videojogos. Só há pouco tempo se tem
optado, em Portugal, por legendar e dobrar videojogos na língua de
Camões. O potencial deste país para a qualidade na área das dobragens já
está mostrado mas tal só acontece quando o jogo está explicitamente
dirigido para o público infantil e com provas dadas da sua receptividade
no mercado nacional em qualquer outro formato (série de televisão,
concurso televisivo, etc.). Tal tem vindo a expandir-se para outro tipo
de videojogos e públicos-alvo muito graças à Sony que tem brindado os
portugueses com legendagem ou dobragem em party games e também em
grandes blockbusters de acção e aventura (Heavenly Sword e Uncharted,
por exemplo).
Uma das companhias que tem sido alvo
da incompreensão dos gamers portugueses é a Microsoft que não tem
sido briosa na forma como tem esquecido esta ferramenta de ajuda aos
jogadores pouco familiarizados com a língua de origem do videojogo. Não
só neste aspecto se têm tecido comentários acerca da política da gigante
americana que também é acusada de pouco fazer para ganhar quota de
mercado às suas mais directas concorrentes (Sony e Nintendo). As
campanhas de marketing têm sido apontadas como escassas e restritas, não
se vendo qualquer anúncio televisivo, levando por vezes o espectador a
pensar que determinado jogo é exclusivo de uma outra plataforma. Tomemos
o exemplo de Grand Theft Auto IV que, no fim do anúncio televisivo
passado em Portugal era identificado como um jogo PlayStation 3.
Num destes belos dias solarengos tomei a
liberdade de fazer uns gráficos com base num estudo de mercado
realizado pela GfK sobre a realidade da indústria na Europa (e Portugal,
certamente) em 2008, os quais podem ver de seguida:
Receita de venda de consolas no mercado
Europeu
- A Europa gerou 6300 milhões de euros de
receitas;
- O mercado europeu registou uma queda de 6% de receitas, relativamente ao ano 2007;
- Portugal registou receitas na ordem dos 76 milhões de euros;
- Portugal representa 1,2% das receitas geradas no mercado europeu
- Portugal gerou 3 milhões de euros de receitas a mais do que o ano 2007.
- O mercado europeu registou uma queda de 6% de receitas, relativamente ao ano 2007;
- Portugal registou receitas na ordem dos 76 milhões de euros;
- Portugal representa 1,2% das receitas geradas no mercado europeu
- Portugal gerou 3 milhões de euros de receitas a mais do que o ano 2007.
Receita de venda de jogos para consola no
mercado europeu
- Europa gerou 7.500 milhões de euros de
receitas;
- Europa registou um aumento de 24% relativamente ao ano de 2007;
- Portugal gerou 84 milhões de euros de receitas;
- Portugal representa 1% do total de receitas geradas pela Europa;
- Portugal registou um aumento de 14% relativamente ao ano de 2007.
- Europa registou um aumento de 24% relativamente ao ano de 2007;
- Portugal gerou 84 milhões de euros de receitas;
- Portugal representa 1% do total de receitas geradas pela Europa;
- Portugal registou um aumento de 14% relativamente ao ano de 2007.
Total
do mercado europeu em valor
- A
indústria gerou receitas, no mercado europeu, na ordem dos 15000 milhões
de euros;
- Registo de um aumento de 2 milhões de euros relativamente a 2007;
- A indústria gerou 174 milhões de euros em Portugal;
- Portugal tem uma quota de mercado de 1,2%;
- Nota para um aumento na ordem dos 12 milhões de euros, em Portugal, relativamente a 2007.
- Registo de um aumento de 2 milhões de euros relativamente a 2007;
- A indústria gerou 174 milhões de euros em Portugal;
- Portugal tem uma quota de mercado de 1,2%;
- Nota para um aumento na ordem dos 12 milhões de euros, em Portugal, relativamente a 2007.
Ora, não querendo dar lições de
marketing a ninguém, fique a saber quem desconhece que dizem as regras
desta filosofia de gestão, que custa cinco vezes mais adquirir um novo
cliente do que mantê-lo. Posto isto, a Microsoft para poder igualar a
Sony – empresa que mais dinheiro despende em marketing em Portugal e a
concorrente com o público-alvo semelhante – em termos de aptidão para
adquirir clientes (comprar consolas) através das campanhas de marketing
terá que quintuplicar as suas campanhas no nosso país, o que significa
uma quantia de dinheiro absurda para conquistar uma parte do público que
representa 1,2% da quota de mercado europeu. Isto tendo em conta,
também, que a indústria gerou 174 milhões de euros de receitas em 2008 e
que a quota de mercado da Microsoft nas consolas em Portugal, segundo
as estimativas não oficiais não chega aos 10% – 17,4 milhões de euros, o
que não será grande margem para manobras de marketing sem antes as
contas entrarem na linha vermelha do “ponto zero”.
Ainda pensam que a Microsoft deve massificar as suas campanhas de marketing no nosso país tendo em conta os números, mesmo pensando a longo prazo? A razão pela qual a Microsoft não ter escolhido Portugal como um mercado target a investir é simplesmente pelo facto de tal não se justificar a curto e médio prazo, na minha opinião.
Contudo, não é justificável o “esquecimento” da localização dos videojogos para português, uma medida muito pedida pelos jogadores nacionais e que continua a não ter resposta por parte da companhia. Esta é uma medida aparentemente viável tendo em conta o seu low cost e satisfação por parte dos gamers portugueses que esta iria trazer.
Ainda pensam que a Microsoft deve massificar as suas campanhas de marketing no nosso país tendo em conta os números, mesmo pensando a longo prazo? A razão pela qual a Microsoft não ter escolhido Portugal como um mercado target a investir é simplesmente pelo facto de tal não se justificar a curto e médio prazo, na minha opinião.
Contudo, não é justificável o “esquecimento” da localização dos videojogos para português, uma medida muito pedida pelos jogadores nacionais e que continua a não ter resposta por parte da companhia. Esta é uma medida aparentemente viável tendo em conta o seu low cost e satisfação por parte dos gamers portugueses que esta iria trazer.
A Sony tem beneficiado das suas
campanhas em Portugal desde a primeira PlayStation, onde começou desde
logo a criar uma inúmera legião de fãs e continuou a merecer destaque e
supremacia aquando a PlayStation 2 face a uma cara e obsoleta Xbox,
nunca deixando de alimentar o panorama publicitário português com
campanhas divertidas e inovadoras. A Sony está a colher os frutos de uma
relação que quis desde cedo que fosse duradoura e proveitosa para a
companhia. A quota de mercado que ocupa neste momento é enorme, e com a
“velha” PlayStation 2 no panorama é esmagadora, o que a isso não está
alheia, também, a sua PSP e a forma como revolucionou a forma de jogar
jogos de grande qualidade visual em formato portátil e que, com isso,
ganhou muitos adeptos.
A Nintendo consegue ser a que, no âmbito dos videojogos em Portugal, conquistou uma posição tranquila entre as concorrentes. As campanhas de marketing, sobretudo as campanhas publicitárias televisivas são regulares, o que aparenta ser suficiente para promover a sua inovadora forma de jogar videojogos, em família ou individualmente mas sempre de uma forma mais activa do que as demais. A sua consola portátil também tem relevância de mercado, especialmente no mercado infantil português. A Nintendo também usufrui de uma marca já bem implementada no território nacional.
Em género de breve conclusão, posso afirmar que Portugal representa uma ínfima parte do mercado europeu de videojogos. Ao nível das consolas, a Sony e a Nintendo vão beneficiando de um enraizamento das suas marcas no panorama global da área no nosso país, contudo a Nintendo está numa “batalha” à parte, uma jornada vitoriosa pelo corredor da fama, prestígio e diferenciação na sua forma de entretenimento. Numa perspectiva Microsoft / Sony, a primeira terá de apostar em campanhas de marketing diferenciadas (que começam, timidamente, a aparecer) e não massificadas e pela conquista de novos (e actuais!) consumidores através da localização dos videojogos para a língua nacional.
A Nintendo consegue ser a que, no âmbito dos videojogos em Portugal, conquistou uma posição tranquila entre as concorrentes. As campanhas de marketing, sobretudo as campanhas publicitárias televisivas são regulares, o que aparenta ser suficiente para promover a sua inovadora forma de jogar videojogos, em família ou individualmente mas sempre de uma forma mais activa do que as demais. A sua consola portátil também tem relevância de mercado, especialmente no mercado infantil português. A Nintendo também usufrui de uma marca já bem implementada no território nacional.
Em género de breve conclusão, posso afirmar que Portugal representa uma ínfima parte do mercado europeu de videojogos. Ao nível das consolas, a Sony e a Nintendo vão beneficiando de um enraizamento das suas marcas no panorama global da área no nosso país, contudo a Nintendo está numa “batalha” à parte, uma jornada vitoriosa pelo corredor da fama, prestígio e diferenciação na sua forma de entretenimento. Numa perspectiva Microsoft / Sony, a primeira terá de apostar em campanhas de marketing diferenciadas (que começam, timidamente, a aparecer) e não massificadas e pela conquista de novos (e actuais!) consumidores através da localização dos videojogos para a língua nacional.
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