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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Posição de Portugal na Indústria dos Videojogos

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Portugal tem sido um país algo esquecido pelas produtoras dos videojogos. Só há pouco tempo se tem optado, em Portugal, por legendar e dobrar videojogos na língua de Camões. O potencial deste país para a qualidade na área das dobragens já está mostrado mas tal só acontece quando o jogo está explicitamente dirigido para o público infantil e com provas dadas da sua receptividade no mercado nacional em qualquer outro formato (série de televisão, concurso televisivo, etc.). Tal tem vindo a expandir-se para outro tipo de videojogos e públicos-alvo muito graças à Sony que tem brindado os portugueses com legendagem ou dobragem em party games e também em grandes blockbusters de acção e aventura (Heavenly Sword e Uncharted, por exemplo).

Uma das companhias que tem sido alvo da incompreensão dos gamers portugueses é a Microsoft que não tem sido briosa na forma como tem esquecido esta ferramenta de ajuda aos jogadores pouco familiarizados com a língua de origem do videojogo. Não só neste aspecto se têm tecido comentários acerca da política da gigante americana que também é acusada de pouco fazer para ganhar quota de mercado às suas mais directas concorrentes (Sony e Nintendo). As campanhas de marketing têm sido apontadas como escassas e restritas, não se vendo qualquer anúncio televisivo, levando por vezes o espectador a pensar que determinado jogo é exclusivo de uma outra plataforma. Tomemos o exemplo de Grand Theft Auto IV que, no fim do anúncio televisivo passado em Portugal era identificado como um jogo PlayStation 3.
Num destes belos dias solarengos tomei a liberdade de fazer uns gráficos com base num estudo de mercado realizado pela GfK sobre a realidade da indústria na Europa (e Portugal, certamente) em 2008, os quais podem ver de seguida:
 
Receita de venda de consolas no mercado Europeu
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                    - A Europa gerou 6300 milhões de euros de receitas;
- O mercado europeu registou uma queda de 6% de receitas, relativamente ao ano 2007;
- Portugal registou receitas na ordem dos 76 milhões de euros;
- Portugal representa 1,2% das receitas geradas no mercado europeu
- Portugal gerou 3 milhões de euros de receitas a mais do que o ano 2007.
 
 
 
Receita de venda de jogos para consola no mercado europeu
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- Europa gerou 7.500 milhões de euros de receitas;
- Europa registou um aumento de 24% relativamente ao ano de 2007;
- Portugal gerou 84 milhões de euros de receitas;
- Portugal representa 1% do total de receitas geradas pela Europa;
- Portugal registou um aumento de 14% relativamente ao ano de 2007.
 
 
 
Total do mercado europeu em valor
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- A indústria gerou receitas, no mercado europeu, na ordem dos 15000 milhões de euros;
- Registo de um aumento de 2 milhões de euros relativamente a 2007;
- A indústria gerou 174 milhões de euros em Portugal;
- Portugal tem uma quota de mercado de 1,2%;
- Nota para um aumento na ordem dos 12 milhões de euros, em Portugal, relativamente a 2007.

Ora, não querendo dar lições de marketing a ninguém, fique a saber quem desconhece que dizem as regras desta filosofia de gestão, que custa cinco vezes mais adquirir um novo cliente do que mantê-lo. Posto isto, a Microsoft para poder igualar a Sony – empresa que mais dinheiro despende em marketing em Portugal e a concorrente com o público-alvo semelhante – em termos de aptidão para adquirir clientes (comprar consolas) através das campanhas de marketing terá que quintuplicar as suas campanhas no nosso país, o que significa uma quantia de dinheiro absurda para conquistar uma parte do público que representa 1,2% da quota de mercado europeu. Isto tendo em conta, também, que a indústria gerou 174 milhões de euros de receitas em 2008 e que a quota de mercado da Microsoft nas consolas em Portugal, segundo as estimativas não oficiais não chega aos 10% – 17,4 milhões de euros, o que não será grande margem para manobras de marketing sem antes as contas entrarem na linha vermelha do “ponto zero”.

Ainda pensam que a Microsoft deve massificar as suas campanhas de marketing no nosso país tendo em conta os números, mesmo pensando a longo prazo? A razão pela qual a Microsoft não ter escolhido Portugal como um mercado target a investir é simplesmente pelo facto de tal não se justificar a curto e médio prazo, na minha opinião.

Contudo, não é justificável o “esquecimento” da localização dos videojogos para português, uma medida muito pedida pelos jogadores nacionais e que continua a não ter resposta por parte da companhia. Esta é uma medida aparentemente viável tendo em conta o seu low cost e satisfação por parte dos gamers portugueses que esta iria trazer.
A Sony tem beneficiado das suas campanhas em Portugal desde a primeira PlayStation, onde começou desde logo a criar uma inúmera legião de fãs e continuou a merecer destaque e supremacia aquando a PlayStation 2 face a uma cara e obsoleta Xbox, nunca deixando de alimentar o panorama publicitário português com campanhas divertidas e inovadoras. A Sony está a colher os frutos de uma relação que quis desde cedo que fosse duradoura e proveitosa para a companhia. A quota de mercado que ocupa neste momento é enorme, e com a “velha” PlayStation 2 no panorama é esmagadora, o que a isso não está alheia, também, a sua PSP e a forma como revolucionou a forma de jogar jogos de grande qualidade visual em formato portátil e que, com isso, ganhou muitos adeptos.

A Nintendo consegue ser a que, no âmbito dos videojogos em Portugal, conquistou uma posição tranquila entre as concorrentes. As campanhas de marketing, sobretudo as campanhas publicitárias televisivas são regulares, o que aparenta ser suficiente para promover a sua inovadora forma de jogar videojogos, em família ou individualmente mas sempre de uma forma mais activa do que as demais. A sua consola portátil também tem relevância de mercado, especialmente no mercado infantil português. A Nintendo também usufrui de uma marca já bem implementada no território nacional.

Em género de breve conclusão, posso afirmar que Portugal representa uma ínfima parte do mercado europeu de videojogos. Ao nível das consolas, a Sony e a Nintendo vão beneficiando de um enraizamento das suas marcas no panorama global da área no nosso país, contudo a Nintendo está numa “batalha” à parte, uma jornada vitoriosa pelo corredor da fama, prestígio e diferenciação na sua forma de entretenimento. Numa perspectiva Microsoft / Sony, a primeira terá de apostar em campanhas de marketing diferenciadas (que começam, timidamente, a aparecer) e não massificadas e pela conquista de novos (e actuais!) consumidores através da localização dos videojogos para a língua nacional.

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